quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Benchmarking ou referencial comparativo

Por Claudete Trevisan Almeida da Silva,  Jamur Johnas Marchi e Prof. Dr. Rudimar Antunes da Rocha:

Vários livros já foram publicados sobre benchmarking, a partir deles pode-se definir benchmarking como sendo um processo pelo qual uma organização compara de modo contínuo seus processos e produtos com os das melhores organizações que desempenham as mesmas funções ou funções similares. O objetivo é se igualar e superar os melhores do mercado aprendendo práticas que já alcançaram a excelência e melhorando-as, principalmente nas áreas de qualidade, confiabilidade do produto, custo e satisfação dos clientes. Assim, destaca Camp (1989, p.34) quando define benchmarking como “processo de pesquisa coerente à procura de novas idéias, métodos, práticas, processos a fim de adotar as práticas ou adaptar os bons aspectos e implementá-las para  se tornar o melhor dos melhores.” O benchmarking é um processo de aprendizado contínuo não somente com os concorrentes mais fortes e diretos, mas também, com qualquer organização cujas práticas visam alcançar a excelência.
Para Camp (1989) o benchmarking foi subdividido em quatro tipos, para que seja identificado o melhor a ser aplicado em cada empresa.
- Benchmarking Interno – quando a busca pelas melhores práticas é focada em unidades diferentes de uma mesma organização. Tem como vantagens uma maior facilidade em se obter parcerias, os custos mais baixos e a valorização pessoal interna. A grande desvantagem é que as práticas estarão sempre impregnadas com os mesmos paradigmas. Pelo exame das atividades existentes, a empresa obtém as informações necessárias sobre quem está envolvido nas diferentes partes do processo, por que estão envolvidos, o que estão fazendo e por que o estão fazendo. Com isso, a adesão ao processo aumenta imensamente, pois as pessoas gostam de ver resultados quando participam com os seus esforços. Assim, benefícios são colhidos da simples compreensão da prática existente e remoção dos problemas óbvios. 
 
 Etapas do processo de benchmarking

- Benchmarking Competitivo – aquele focado em organizações que disputam o mesmo mercado. A maior vantagem é observar o que a concorrência está praticando. A contrapartida, porém, é a imensa dificuldade em conseguir parcerias entre os concorrentes para  sua realização, muitas vezes é necessário contratar uma consultoria externa para obter informações. Seu objetivo é alcançar e superar o desempenho dos concorrentes, procurando observar as práticas no modo como o trabalho é executado, e não nas pessoas que as estão realizando. 

- Benchmarking Genérico aborda grupos de tarefas ou funções em processos mais complexos que atravessam a organização e são encontrados facilmente em outras empresas como, por exemplo, o processo desde a entrada de um pedido até a entrega do produto ao cliente. Representa a aplicação mais ampla da coleta de dados para parceiros da empresa. Essa abordagem mais inovadora para o estudo comparativo pode resultar em paradigmas modificados e reestruturação de operações empresariais.
- Benchmarking Funcional é um investigador do desempenho de uma função específica numa aplicação dentro da indústria. Este tipo de estudo oferece uma boa oportunidade para desenvolver novas abordagens em termos de identificação e compreensão dos capacitadores de processo. Uma variante para essa abordagem é escolher empresas específicas que se adaptem aos critérios de estudo com o compromisso de não divulgação e, assim, estabelecer as condições de compartilhamento, porque tem seu foco em processo específico, como por exemplo, embalagem, faturamento ou solda. 

Spendolini (1993) adverte quanto à necessidade da elaboração de um esquema guia para que o modelo de estudo comparativo forneça o mínimo de estrutura lógica para os esforços organizacionais relativos as técnicas a serem observadas, e também que possibilite a construção de uma linguagem comum dentro da organização que se prepara para utilizar as tecnologias encontradas durante o estudo. Sugere ainda que, cada organização pode e deve desenvolver seu próprio modelo de estudo, de sorte a adequá-lo a sua conveniência e peculiaridade. Não obstante, o autor propõe um modelo composto por cinco etapas (ver figura 1) que se aproxima bastante ao que defende Camp (1989). As cinco etapas são:
- Objeto - é a etapa onde se deve determinar do que será feito benchmarking. Isso implica também a aceitação do fato de que um processo, por exemplo, não deve ser submetido a um estudo apenas por razão de alguma facilidade, só deve se prosseguir com a investigação se houver uma necessidade crítica dentro da organização. A identificação precisa daquilo que deve ser submetido ao benchmarking é fundamental, pois a falta de clareza leva ao desperdício de recursos e além de produzir frustrações.
- Formação de equipes - essa é uma etapa crucial, porque são as equipes que conduzirão a investigação e procurarão identificar, ao longo do estudo as melhores práticas organizacionais.
- Identificação de parceiros - a terceira etapa reside na identificação de prováveis parceiros, pois a essa altura já se sabe o que investigar, comparar e aperfeiçoar. O alvo bem escolhido direciona o estudo e evita perda de tempo e de recursos, portanto se faz necessário a elaboração de lista de empresas candidatas cujas competências as tornam publicamente as melhores do ramo ou do mundo.
- Coleta de dados - a quarta etapa concentra-se na coleta das informações relativas ao estudo, que podem ser conseguidas por intermédios de métodos múltiplos, tais como: bibliotecas, pesquisas, publicações, mídia e nas entrevistas com os parceiros.
- Ação - na última etapa ocorre a comunicação dos resultados obtidos durante o estudo e são sugeridas as modificações e  possíveis melhorias de produtos, processos e serviços.
Analisando estas etapas percebe-se que estabelecer parcerias pode não ser tarefa das mais fáceis, contudo a criação de estudos comparativos reais voltados para a melhoria contínua consiste na melhor e mais eficaz maneira de se garantir resultados positivos a curto e longo prazo. As parcerias precisam assentar-se em pontos fundamentais como o “espírito de troca”, onde são promovidos benefícios comuns, para que as organizações envolvidas aperfeiçoem suas performances. É importante haver uma cultura semelhante entre as empresas envolvidas no benchmarking. Assim, visitas de estudos são agendadas pela cortesia, pelo foco nas questões previamente acertadas com a equipe condutora do estudo, pelo profissionalismo e pela não discussão das características do parceiro ou das informações dele coletadas.

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